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quarta-feira, 4 de julho de 2012

STÁLIN MORTO - O XX CONGRESSO DO PCUS

A CRISE NA DIREÇÃO
STÁLIN MORTO - O XX CONGRESSO DO PCUS ABALA O MUNDO
     STÁLIN MORRE  EM  MARÇO 1953, MAS SÓ É  ENTERRADO EM 1956
                No final  de 1956, o Comitê Central resolve discutir o relatório secreto de Kruschev  e as resoluções do XX Congresso dos PCUS. Aparecem declarações na imprensa  de diversos intelectuais se afastando do Partido e de seu Comitê Central, que mantém Prestes à frente.
             Arruda é enviado à URSS para comprovar as informações denunciadas no relatório.
                 A direção soviética já vinha sofrendo desgaste na base, depois da vitória da revolução chinesa com Mao Tsé Tung e Chou-En Lai enfrentando o "tigre de papel" americano e criticando o imperialismo soviético. Despontavam como nova direção para o proletariado internacional. Debates esporádicos aconteciam, questionando  a velha direção, que chocava-se por um lado com as perpectivas de novas revoluções e por outro, com a pressão interna liderada pela incipiente e diminuta"oposição de esquerda", trotkista resistente.
                REBELIÃO DAS BASES

 EM SALÃO FECHADO SEM CONVIDADOS INTERNACIONAIS KRUSCHEV
LÊ O RELATÓRIO SECRETO NO XX CONGRESSO DOS PCUS. FOTO : PRAVDA
                  1957 - Afastei-me por  divergir da atuação do comitê central, que não dava mais assistência nem prestava contas, por estar empenhado na discussão do relatório Kruschev. O C.C. pediu que eu fosse à São Paulo para uma reunião com Prestes, porque o Estadual seria reestruturado. Debates e reuniões aprofundavam as divergências, que levaram a cisão posterior entre quem acompanhava Prestes e o núcleo anterior composto por  Diógenes Arruda Câmara, João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar . Causaram grande confusão no  PCB; acirrando a luta interna, desrespeitavam a tradicional disciplina partidária. A direção não cumpria seu papel e as bases começavam a se rebelar,  a partir da imprensa do Partido. Saem artigos opinando por conta própria passando por cima de decisões da direção nacional.
              Agildo Barata, destacado militante do movimento de 35 se manifesta contra o centralismo, os métodos da direção e propõe mudança radical na linha e estrutura partidária.
               O secretariado se lança numa luta para manter a "unidade partidária". A linha do IV Congresso é posta em cheque, tanto pela realidade, como pelas bases.
               A situação objetiva chocava-se com o mundo subjetivo criado pelo sectarismo da direção, distante da realidade das massas.
EM CHOQUE COM A NOVA DIREÇÃO NA SOROCABANA  FIZ  A CARTA DE RUPTURA: 40 PÁGINAS LIDAS EM REUNIÃO AMPLIADA - FOTO DA DÉCADA DE 50. ARQUIVO PARTICULAR 
 CARTA DE RUPTURA 
             Na Sorocabana, foi trocada a direção regional. Tudo começou a desandar. A atuação política da nova direção foi um desastre, partidariamente falando. Passei a ser divergente de Cipriano, o enviado pelo CC para representá-lo. Achava-o "intoxicado"de teses e teorias revisionistas, depois dele viver durante dois anos na URSS, na fase de preparação do XX Congresso.  Em janeiro deste ano nasceu meu filho Thaelman. 
      Estávamos em uma situação caótica. Eu tinha me afastado do trabalho por aprovação 
do regional, que apoiou a exigência do camarada médico, o Dr. José da Silva Guerra, com quem vinha me tratando a alguns meses. Estava com esgotamento nervoso, bastante debilitado física 
e psicologicamente. Recebi apoio de vários camaradas, extremamente solidários como o Guerra, que como médico e comunista também criticava aquela direção.
               Enviei uma carta ao CC e à Prestes, relatando a crise e a situação da região. Foram 40 páginas escritas e lidas em reunião ampliada do comitê regional. Decidi afastar-me do Partido, me ligar a produção e acompanhar a evolução do Partido, de fora.
                Essa carta foi enviada ao CC e à Prestes, pessoalmente.
                Um ano depois não houve resposta e nenhuma medida tomada.
                Quando encontrei-me com Prestes em um  Congresso Estadual, disse-me, que não recebeu esta carta e que desconhecia os fatos nela narrados. Nem se lembrava da mesma.
                  Diante dessa, me informava como funcionava o secretariado do CC, impedindo que o secretário-geral soubesse o que se passava no comitê regional( um escalão abaixo do CC). Considerei sabotagem consciente contra o Partido por parte de quem o fez. Não sei quem. Fosse a comissão política, que intermediava o CC e os regionais ou do próprio secretariado, já que  a carta era um relatório com balanço de mais de um ano de atividades e dizia em particular a Prestes, nosso secretário-geral.
                 Adotei a posição de afastamento dessa direção, que tivera tal prática." Iria refletir como atuar dali em diante, participando sim do trabalho de massas. Teria contato com o Partido, mas não concorreria a cargos dirigentes, nem de funcionário do Partido.
                 O processo de autocrítica foi doloroso e de certa maneira justificativo dos erros cometidos antes. Passei a ser divergente e oposição. Sofri muito por ver um trabalho de anos de uma militância combativa, honesta e abnegada, ser destruída por decisões de uma direção sectária, agindo  como inimiga consciente ou inconsciente dos camponeses trabalhadores em geral.
              A partir dali, não me subordinaria a decisões que não concordasse. A disciplina estatutária cessava para mim.
FOTO COM FAIXAS E A MASSA FORMANDO O ROSTO DE  LÊNIN : 'AS PESSOAS E O PARTIDO SÃO INDIVISÍVEIS". PUBLICADA NO PRAVDA EM 1953.
MILITANTE INDEPENDENTE DO PARTIDO 
Algum tempo depois, o Cipriano foi retirado de lá, indo para o Rio de Janeiro trabalhar no jornal  e assumiu Humberto Lopes ("Heitor"). Irineu Moraes ("João") me chamou para a campanha eleitoral, com os candidatos a deputados: Leônidas Cardoso (com quem convivi durante um mês , dia e noite viajando pelo estado), Aldo Lins Silva apoiados por  Prestes, que também apoiou Ademar de Barros para governador.
Não fiz campanha para Ademar de Barros, porque  sendo eu de Tupã, cidade onde tinha ocorrido a chacina em 1949  sob seu governo, seu secretário de segurança e o delegado local, Prestes não me convenceu, que seu apoio era correto.
 Foi um erro, que a história apontaria em 1964.
clandestinoedgard@gmail.com

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