DISSIDENTES
ALA VERMELHA
Da dissidência de Tarzan de Castro, Diniz Cabral, Élio , Derly e seus irmãos Devanir, Daniel e Joel, os irmãos Dimas e Dênis Casemiro, com outros jovens estudantes na VI Conferência em 1966, nasceu a Ala Vermelha do PC do B contrapondo-se de modo crítico, a inércia da direção do Partido, sua Ala Branca.
ALA VERMELHA
Da dissidência de Tarzan de Castro, Diniz Cabral, Élio , Derly e seus irmãos Devanir, Daniel e Joel, os irmãos Dimas e Dênis Casemiro, com outros jovens estudantes na VI Conferência em 1966, nasceu a Ala Vermelha do PC do B contrapondo-se de modo crítico, a inércia da direção do Partido, sua Ala Branca.
FONTE: ARQUIVO PUBLICO DO ESTADO DE SP. FUNDO DEOPS.
No início, era mais o movimento de um grupo, que se articulava baseado na experiência de Diniz,no meio da agitação estudantil. No redemoinho, tentavam formar uma organização.
Faziam parte dessa direção: Diniz, Élio, Tarzan, Paulo Cavalcanti, João Casper, Fernando Sana Pinto, Job Alves, Jaime Almeida, Aderval Coqueiro, James Allen Luz, Tapajós Misael , Takaoka e com Derly José de Carvalho, veio o apoio de Devanir e seus outros irmãos, Daniel e Joel.
Foi um baque para Amazonas, a saída desse grupo. Porém , eles ficaram entre dois fogos: um do CC, taxando-os de pequenos burgueses, carreiristas e até de policiais. O outro, o da repressão com seu"modesto" poder de vida e morte para os terroristas, como também fui categorizado em 68.
Publicam a Crítica ao oportunismo e ao subjetivismo, opondo-se ao documento - União dos Brasileiros Para Livrar o País da Crise, da Ditadura e da Ameaça Neocolonialista - da direção do PC do B. Inseriam o proletariado, como o sujeito da revolução socialista para chegar ao comunismo a fim de construir uma sociedade livre da exploração e a eliminação de classes, "só através da guerra popular é que, nas atuaiscondições é possível construir um partido temperado na luta, com um exército poderoso e organizar a aliança operário-camponesa em uma frente única revolucionária, que congregue as grandes massas do povo - com a correta combinação entre a luta armada no campo e nas cidades".
GEN/GERN
LUTA ARMADA
Em fins de 67 e início de 68, já haviam iniciado as ações de expropriações.Ataques a carros de cigarros, caminhões de gás, máquinas impressoras e em seguida, bancos. Eram ações com organização débil, meio espontâneas e grupo indefinido, trocando de participantes a cada ação.
AÇÕES ESPECIAIS
Mais tarde, separou-se a direção política do grupo de ações armadas, que passaram a ser chamadas de - ações especiais - feitas com cobertura armada, comando, previamente definidas, aprovadas e subordinadas a direção política. Passaram a ser planejadas, discutidas e o grupo melhor preparado com antecedência.
ALGUNS DOS INTEGRANTES DO GEN - GRUPO ESPECIAL NACIONALISTA E DEPOIS, GERN - DESENCADEAVAM A LUTA ARMADA DE INSPIRAÇÃO LENINISTA: - A ETAPA SUPERIOR DA LUTA DE CLASSES.
Formou-se o GERN - Grupo Especial Revolucionário Nacionalista - composto por Aderval Alves Coqueiro, Raimundo Gonçalves Figueiredo, Devanir, Daniel , Joel e Derly de Carvalho, os irmãos Denis e Dimas Casemiro, mais Élio Cabral de Souza. O GERN, participava das ações com armas,carros, apoio, treinamento e etc...Essas ações eram autorizadas pela DNP - Direção Nacional Provisória e atuavam militantes de São Paulo, RJ, MG, Espírito Santo. Em São Paulo, estava o núcleo principal.
Até início de 1969, predominou um certo foquismo mesclado com a teoria da Guerra Popular. A ditadura tinha sido pego de surpresa e não sabia quem era quem.
Houve muitas ações para requisitar armas, máquinas para a publicação de panfletos, propaganda revolucionária e jornais. Dinheiro para custear aluguel de casas, carros, viagens e manutenção da organização. Também teve aparelhamento para conseguirmos documentos de militantes, a maioria na clandestinidade e perseguidos pelos órgãos de informação da polícia política secreta da ditadura, orientada pela CIA e polícias de outros países, como Portugal e Angola.
Estávamos sob o Estado de Terror da ditadura.
AUTOCRÍTICA
Iniciamos o processo de discussão de autocrítica. Encerrava-se a era do foquismo. O que gerou um conflito ideológico interno. Devanir liderou um "racha" e com ele foram Plínio Petersen, Waldemar Andreu e Domingos. Formaram o MRT - Movimento Revolucionário Tiradentes - Defendia, que a direção da organização deveria ser o GERN. Seu irmão Derly, ficou na Ala e o grupo armado que permaneceu, só agiria, subordinado as decisões da direção política e quando convocado.
O MRT, fez ações em conjunto com a ALN - Aliança Libertadora Nacional, a VPR - Vanguarda Popular Revolucionária, a REDE e Var- Palmares.
Raimundo Gonçalves Figueiredo e Dênis Casemiro foram para a VPR e Dimas, depois para a VAR- Palmares.
PONTO NA RUA COM DEVANIR
Depois desse embate, me encontrei, apenas, mais uma vez com Devanir. Foi numa rua de São Paulo, em um ponto de meia hora, falei com ele e Waldemar Andreu. Insistiam para que eu fosse para o MRT. Também tive o mesmo convite da VPR, através de Denis Casemiro e Diógenes Sobrosa, na prisão.
QUEDAS
Logo, ocorre a queda dessa primeira direção.Dentre ele são capturados: Daniel, Jairo e Derly de Carvalho, Coqueiro, Silvinho e Nobue Ishii, que depois foi resgatada por um comando liderado por Élio Cabral, das torturas do delegado do DEOPS, Sérgio Fleury, torturador e o mais notório matador de comunistas.
A IMPRENSA CONFUNDIA ALA VERMELHA COM A ALA MARIGHELLA, DISSIDÊNCIA, QUE DEPOIS FORMOU A ALN. FONTE: ARQUIVO PARTICULAR.
A Ala Vermelha mantinha contatos com todas a outras organizações clandestinas.
OS 16 PONTOS
Fizemos uma reunião na Praia Grande, com meus filhos e minha companheira servindo de fachada, como turistas.
Discutimos o documento, que ficou conhecido como "Os 16 Pontos", um aprofundamento da autocrítica e avançando na crítica ao foquismo.
Fui do grupo, que não concordou com a tese, de que só eram possível ações armadas isoladas, desligadas das ações de massas. Defendia o avanço de frente única operária, necessária para a luta contra a ditadura da burguesia. Buscando unir as diversas organizações para a construção do Partido Revolucionário de "novo tipo", para que sobrevivêssemos, além daquela luta imediata.
Desse choque interno, nova dissidência despontou. Fernando Sana Pinto, depois de longo debate nessa conferência, formou o MRM - Movimento Revolucionário Marxista e preferiu atuar com o MRT, de Devanir.
Eu entendia, que devíamos converter aquela luta, expondo-a abertamente aos trabalhadores, como uma luta de classes, que era também. Rejeitando o jogo reducionista dos militares e seus "intelectuais de plantão".
ALA - PARTIDO REVOLUCIONÁRIO
Na direção da Ala, fiz tudo para dar a organização, uma estrutura orgânica partidária. Um programa, que obedecesse uma estratégia e táticas, que ao mesmo tempo, apoiasse a luta armada e levasse a nossa organização à se ligar com as massas, ou seja, fazendo o trabalho reivindicatório, ligar esses movimentos, com o grupo armado, que se tornaria o exército popular defensor dos interesses do povo.Naquele momento, defendendo a massa da repressão militar.
LUTA PROLETÁRIA - JORNAL INTERNO DA ALA VERMELHA
A Ala Vermelha editou e distribuiu os jornais UNIDADE OPERÁRIA e o LUTA PROLETÁRIA, teórico e dirigido internamente ao Partido. Também publicou alguns folhetos, com trabalhos de Lênin, Mao Tsé Tung e outros teóricos marxistas.
Nas ações, fez algumas ocupações de rádio para leitura de manifestos contra a ditadura, em Santo André.
SOBREVIVENTES DO EXTERMÍNIO
A Ala, que dirigi, não teve baixas de mortes. Teve sim, prisões e nas prisões torturados. Porque incomodavam o governo militar, confrontando-o. Éramos ativistas políticos. Companheiros, que foram da Ala e migraram para outras organizações e outras direções, pagaram com a vida. É o caso de Devanir, Dimas, Coqueiro, Denis, Raimundo Gonçalves e do James.Os que ficaram com a Ala , todos vivem, embora também lutaram, ás vezes, juntos com esses, que tombaram assassinados. É o caso de Diniz, Élio , Lindoso,Gianinni, Batista Correia,Rubens, Tapajós, Takaoka, Misael,Lins, Mattes, Granado e Derly, que teve os irmãos assassinados: Devanir,em São Paulo em emboscada armada por agentes do DEOPS de Fleury e também Daniel e Joel, que depois de banidos retornaram clandestinos da Argentina, para continuar a luta. Acho que em uma emboscada na fronteira , próxima de Foz de Iguaçu.
Derly foi trocado por um diplomata, assim, que fui capturado pelo DOI-CODI. A última vez, que vi algo a respeito dele, foi uma entrevista na Europa, quando foi banido, para a Argélia. A esposa de Devanir, foi para o Chile e não tive mais notícias, após o golpe, que matou Allende, depondo seu governo socialista.
EDGARD DE ALMEIDA MARTINS (MATIAS, CID, MIRO, NUNES, MILTON, ANÍSIO, GUSTAVO, PAULO ARMANDO DUARTE) - EM 04 DE FEVEREIRO DE 1970 - QUANDO DA DIREÇÃO NACIONAL PROVISÓRIA DA ALA VERMELHA
Posso dizer, que para mim, a Ala Vermelha existiu entre 1966 e 1971, com a queda do Birô Nacional, da qual fiz parte com Paulo de Tarso Gianinni, Élio Cabral, Orly Batista Correia,Gerôncio Albuquerque, Felipe José Lindoso, Antonio Carlos Lopes Granado e Tarzan de Castro.
Além de nós, foram capturados companheiros em Santo André, Porto Alegre,Minas Gerais e no Espírito Santo.Os que aderiram ao MRM e o MRT, também caíram.
A partir daí, tornei-me prisioneiro do serviço secreto do exército, que estava a serviço da ditadura burguesa-militar brasileira e do capital internacional.
e-mail: clandestinoedgard@gmail.com
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