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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O GOLPE MILITAR NA MINHA CASA

MAS, AINDA NÃO  SÃO FÉRIAS ? 

No primeiro ano primário, de volta da escola me deparo com minha mãe arrumando malas para viajarmos rumo à casa de minha avó. Sem tempo e breve explicação, partimos. Meu pai vai para São  Paulo receber novas orientações da direção do partido. O anunciado golpe se consumava. A partir desse dia o Brasil viveria pelos próximos 20 anos sob a ditadura mais corrupta e violenta, que se impôs sobre o povo e em especial, o trabalhador brasileiro.
Para mim: a interrupção das aulas, já que começava a frequentar a escola, naquele ano. E, depois uma sequência de perseguições e transformações, que culminaram com o sequestro de meu pai, por agentes da Operação Bandeirantes,  a OBAN, em 1971 e prosseguiu até a década de 80.
Sem entender me perguntava: - Mas, ainda não são férias ?

terça-feira, 3 de novembro de 2015

das lutas contra a ditadura UMA MEMÓRIA PÓSTERA



EU POR MIM MESMO;
MEMÓRIAS DE UM SOBREVIVENTE;
VIDA, PAIXÃO E LUTAS;
ou apenas
SOBREVIVENTE.


Qualquer dessas frases poderia ser o título de uma seqüência de depoimentos sobre minha vida e meus escritos, que estou gravando para futuras postagens.


No pacote: textos curtos, frases soltas, lembranças esparsas, palavras ás vezes deslocadas para serem sentidas e não apenas lidas. Imagens e colagens ilustram o percurso relatado. Desde minha origem marxista e clandestina, da minha vivência familiar com meu pai, mãe e irmã, quando nasci na clandestinidade na democracia, na ditadura e depois com sobrinhos (os sobrinhos do capitão), camaradas de luta e amigos, que estiveram sob o fogo das perseguições, prisões e torturas, com quem convivi e sobrevivemos a estupidez humana manipulada por políticos a serviço do capitalismo dominante.


Com esses camaradas e amigos muito aprendi sobre as perigosas relações sociais, políticas e humanas.


Os debates sempre quentes com estudantes, artistas e intelectuais com quem partilhei afetos e discordei idéias sobre arte, poesia (é arte? é literatura? o que é?) músic, comida, sexo, liberação espiritual etc.


Talvez, nessa mídia não seja possível tratar de tudo o que gostaria, mas o impossível será buscado, como sempre.


As imagens estão sendo feitas pela minha querida "parça" e companheira de sempre, Eliana Floriano. Resistente, combativa e paciente. É o mínimo que posso dizer de sua participação, nesta realização. Minha gratidão e sentimento profundo sem fim.


Estamos indo a alguns lugares, que é parte dessas memórias: casas onde morei, "pontos" de meu pai ao ser seqüestrado pela OBAN, pontos de ônibus que usei quando o reencontramos e pudemos ir visitá-lo na prisão, agora, aguardamos resposta ao pedido de autorização da SSP para gravar na 36ª DP de São Paulo onde funcionou o DOI/CODI/SP e outros locais onde estudei, trabalhei e me diverti, também serão filmados.


É impressionante, como os lugares guardam memórias. Bem se dizia antigamente, que as paredes têm "ouvidos”... E olhos.


Escolhi trechos de músicas, que eu curtia na época e que me "fizeram a cabeça". Todas conhecidas e importantes para mim, em cada situação. Desde as que ouvi minha mãe cantar, as que descobri por mim mesmo e todas foram bálsamos e armas de defesa das opressões. Instrumentos de libertação da miséria da realidade à magia da vida.


Da passagem da luta armada às lutas internas, dos conflitos espirituais às soluções tecnológicas, das harmonias poéticas à violência opressiva, das dores aos prazeres da vida, os opostos seguem desafiando e propondo sua superação transcendente.


VIDARTE e entre elas o acaso. Movendo tudo, nos levando sempre ao novo, a renovação dos desgastes diários. É minha declaração de fé na vida, na humanidade (apesar de tudo) e na revolução permanente social, política e universal. Continuo acreditando nos sonhos, nas visões, na arte, nos sons e no silêncio. Para onde for à arte vai toda a humanidade.


Por isso, escolhi como título desses clipes "das lutas contra a ditadura UMA MEMÓRIA PÓSTERA". Por postar memórias, que não são apenas um pôster na parede, mas portas abertas para a posteridade e que seja próspera.

quinta-feira, 12 de março de 2015

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

86 ANOS

                                          HOJE MEU PAI, EDGARD DE ALMEIDA MARTINS, COMPLETARIA 86 ANOS. 

NESSA FOTO, DA DÉCADA DE 80 NA SALA DE NOSSA CASA, EM SÃO PAULO QUANDO COM O PARCEIRO FRANCISCO SORIANO ( MILITANTE DO PCBR, QUE TAMBÉM FOI PRESO POLÍTICO DA DITADURA E AUTOR DO LIVRO "ANOS DE CHUMBO - A GRANDE PARTIDA") TOCAVA VIOLÃO E FRANCISCO - ACORDEÓN - EM FESTAS COM MUITA MÚSICA , DANÇA, COMIDAS... POLÍTICA E  OS AMIGOS DA FAMÍLIA MAIA : ADELITA, JURANDIR, PAULO, BETO, MÁRCIA...

SEMPRE CONFIANTE NO FUTURO SOCIALISTA DA HUMANIDADE.PRESENTE!!!
                                     

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A FARSA DA "CASA DA VOVÓ"



A FARSA DO DR. EDGAR
NA "CASA DA VOVÓ"
Quando todos dirigentes da Ala Vermelha dissidência do PC do B e a primeira organização a opor-se com armas a ditadura implantada com golpe de 64, formando o GERN (Grupo Especial Revolucionário Nacionalista) encontravam-se presos e sob tortura no DOI CODI e alguns já encaminhados para DEOPS ou para o presídio Tiradentes, em l97l , a política para seus guerrilheiros consistia em lutar pela sobrevivência e para isso tinham de conseguir chegar à Justiça, única forma de serem reconhecidos e denunciar os crimes, que o regime autoritário vinha cometendo em sequência contra o povo brasileiro.
Com a prisão de Élio Cabral de Sousa ("Mateus", "Campos", o último dirigente do GERN a ser capturado pela repressão) restava apenas as manobras junto a familiares e a denúncia à populares, para sair daquela situação de dominação do terror do Estado.
Para isso, foi necessário o recuo e o sacrifício de alguns militantes. Com praticamente toda direção da organização esfacelada, ainda assim chegou-se ao tribunal de exceção na segunda auditoria militar onde o juiz leu vários depoimentos forjados pelo DEOPS e reconheceu a presença da maioria dos militantes presentes, que assinaram presença no processo e uniu dois processos em um só. A partir dali se iniciava outra etapa da luta pela libertação: a das batalhas judiciais, que durou pelo menos até o final da década 70.
No final, as penas foram reduzidas e os dirigentes depois de submetidos à tortura, foram libertos e sobreviveram ao horror e crimes cometidos por aqueles militares e civis, a serviço da ditadura da burguesia.
O capitão André Leite Pereira Filho, até ali torturador e informante do juiz Nelson Machado Guimarães, passou a Chefe de Análise e Interrogatório do DOI CODI utilizando o codinome "Dr. Edgar" articulação da contrainformação para desmoralizar a direção da AV e confundir militantes para história. Enfim, a mesma versão da máxima fascista, que "uma mentira repetida se torna uma verdade".
Pouco conhecido na história, suas funções, que acumulam crimes contra a humanidade passou despercebido na maioria das denúncias. Só agora seu verdadeiro papel nessa história começa a ser desvendado.
É preciso revelar a verdade para que essa história não mais se repita.