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sexta-feira, 20 de julho de 2012

RUMO AO OESTE - SÃO LUÍS DE CÁCERES - MT

GUERRILHA NO MT
GLEBAS,COLÔNIAS,BICICLETAS, AS ÁGUAS DO RIO PARAGUAI,O PANTANAL.NOSSA  CASA EM CÁCERES. E O POVO AMIGO,QUE DIZIA:VÔTI, DONA JURACY!
                       Fui então, para São Luís de  Cáceres no Mato Grosso. Aluguei uma casa. Deveria cobrir a região ao norte em Rondonópolis, chegando até Vila Velha no Acre. A teoria do cerco da cidade pelo campo , na prática. Unindo com a região do Araguaia fechava o cerco em torno de Brasília, o planalto central, coração do País.
                       Antes de embarcar , fiz algumas compras de roupas femininas e miudezas para revender lá. Minha cunhada, Guaraciaba, a Tuta, foi balconista, depois trabalhou em feira livre com o marido Portela vendendo , primeiro bananas, no litoral sul paulista e depois chinelos e sapatos.Me orientei com ela e com minha sogra, que também, ás vezes vendia miudezas andando pelos sítios e fazendas, na região da Alta Araraquarense com meu sogro, Machado Lino, que era prático no tratamento de doenças de cavalos e gados.
                     Registrei uma firma para o comércio ambulante, em nome de Anísio dos Santos Silveira, um documento, que o CC me forneceu e esse nome serviu para tudo. Em Cuiabá, tirei carteira profissional e título de eleitor com esse nome.
DA ESQUERDA PARA À DIREITA: SELENITA, JURACY E THAELMAN NA PORTA DE CASA EM 1968, THAELMAN DE BICICLETA; SELENITA, OS AMIGOS ANTONIO  ISIDORIO  E NEIDA  SEGURANDO A BICICLETA.FOTOS: TONICO. 
                    Fiquei em Cáceres de 67, quando diziam  ter passado por lá o comandante da revolução cubana, o argentino internacionalista Ernesto Che Guevara, rumo à Bolívia onde depois, morreu assassinado pela CIA e pelo exército boliviano. Era notável como o governo militar investia na abertura de novas "glebas" de terra na região, dificultando o trabalho de base, que fazíamos ( eu e J.J.) na Colônia Rio Branco. Viajava pela região como mascate, vendedor de miudezas, para despistar  a repressão, mas a dificuldade maior era a confiança, que aquele povo estava tendo na ditadura. Não separavam a situação política do crescimento econômico , que estava ocorrendo, decorrente da política dos "milagres" do mato-grossense "Bob Fields" e Delfim Neto. 
                   Passei a ser procurado pelos serviços secretos do Exército e acusado de chefiar o terrorismo em São Paulo. Eu, Tarzan de Castro e Carlos Marighella.
                  .A imprensa publicou artigos falando sobre guerrilha, sempre incluindo meu nome.
 
FOTO NA REVISTA VEJA, TERROR E REAÇÃO - A PRESENÇA SEMPRE LEMBRADA. MATÉRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO . FOTO: VEJA, OUTUBRO DE 1968 E O ESTADO DE SÃO PAULO, AGOSTO DE 1968. 
Essa revista chegou em Cáceres e chamou a atenção para minha pessoa, que usava o nome Anísio e profissão mascate.
Um vizinho, professor de minha filha foi na secretaria da escola examinar os documentos da transferência escolar, descobriu meu nome verdadeiro e propagou pela cidade.
RESISTÊNCIA LOCAL
Não demorou, os agentes do II Exército chegaram à minha procura e para efetuar minha prisão.Salvou-me, a resistência do comandante do Batalhão local o cel. Gualter Ferreira dos Santos, que não aceitou a versão do serviço secreto do exército , pois ele  me conhecia pessoalmente e seus comandados sempre me viam na cidade.
Seu filho, que estudava na mesma classe de minha filha, avisou-a,  que me procuravam e isso deu tempo para que fizesse a retirada da família.
 
ACUSADO DE TER CHEFIADO O ASSALTO DO TREM PAGADOR; DEPOIS PELA BOMBA NO QG DO II EXÉRCITO E OUTROS ASSALTOS A BANCO. LIGAVAM MEU NOME AS ATIVIDADES DE MARIGHELLA, O QUE NÃO ERA VERDADE. NESSES ANOS SURGIAM EM SÃO PAULO, ORGANIZAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS: A ALN -  ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL E A VPR - VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA .FONTE: ARQUIVO PARTICULAR.
CASA INVADIDA 
Nossa casa foi invadida e tudo apreendido.Fizeram algumas prisões na cidade, supondo que fossem ligados a mim.Também não era verdade, pois ali eu só tinha relações de negócios e amizade pessoal com a vizinhança.
Nada encontraram na casa: nem armas, nem explosivos,nem jornais, nem panfletos, nem boletins.Foi um verdadeiro fiasco diante do circo, que armaram para convencer o comando Batalhão local.  
Voltei para São Paulo com ajuda de companheiros de Cuiabá. Chegamos com a roupa e uma malinha, com o que nos restou.
Ficamos na casa de minha cunhada Gláucia por um mês em Pirituba.
 
CONTRATO DE LOCAÇÃO DE CASA NA VILA BONILHA EM SÃO PAULO TENDO COMO FIADORES OS CUNHADOS JOSÉ CASTALDI E GLÁUCIA MACHADO LINO. DOCUMENTO DEPOIS APREENDIDO  PELO DOI CODI DE SÃO PAULO.FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SP.
Contava com o apoio dos familiares, tanto do meu lado, como de minha companheira, que apoiavam-nos nessa luta. 
Perdi o contato com o CC, em São Paulo e no Rio de Janeiro.Ninguém compareceu nos pontos marcados. Fui por três vezes. Eram feitos com Amazonas,Pomar, Danielli ou outra pessoa conhecida , que vinham no lugar deles.De qualquer maneira, o contato era sempre feito com alguém da direção. 
ALA VERMELHA DO PC DO B 
Foi nessa condição , que me liguei aos companheiros, que se intitulavam - Ala Vermelha do PC do B - Ali estavam : Diniz , Élio, Derly e seus irmãos, que tinham contatos com o Partido. 
Durante o curso na China, eu e Derly trocávamos ideias comuns de restrições e críticas ao CC do Partido no Brasil. Ao voltarmos, seu irmão Devanir, que atuava junto a direção, resolveu se afastar, agir por conta própria, como ele achava, que deveria ser atuação revolucionária armada.
REPORTAGEM DE EDSON FLOSI  NA FOLHA  DE SÃO PAULO: CHINA PREPARA BRASILEIROS PARA FAZEREM GUERRILHA EM NOSSO PAÍS.22/11/1968
Começamos então , a organizar a Ala Vermelha do PC do B e dar ao impulso aos jovens, que buscavam orientação para seu movimento de contestação a ditadura militar.

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