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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

OS TORTURADORES

                                  DOI - CODI
                    OS TORTURADORES
A SEDE DO DOI-CODI FICAVA NOS FUNDOS DA 36º DELEGACIA DE SP. NA RUA TUTÓIA COM A TOMAZ CARVALHAL
          1971 - O Comando: era o major de artilharia e depois cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra - Dr. "Tibiriçá Correia ou Dr. Silva" ; sub-comandante: Dalmo Lúcio Moniz Cirilo -"Dr. Lúcio". Oficiais do dia , Ênio Borges, Capitão Faria, Orestes e Fabrício.
          Capitães: Benoni Arruda Albernaz(Artilharia); Maurício, Faria, André, Enio Borges Silveira,Muganini -"Dr. José", Orestes, Tomaz, Flávio (capitão de cavalaria),Pedro Mira Grancieri -"Ramiro", Longras("Negrão"), Americano, Amites, que penso ser o professor "Zanith", Homero César Machado. Também o Major Fabricio de Matos Beltrão, que viajava sempre entre Brasília, RJ e BH , não sei se foi o mesmo Fabrício comandante da PE. Penso que era do SNI.
           Delegados: Renato D'Andreia, Vilela, Edvaldo Rodrigues Monteiro, David Araújo dos Santos (também usou o codinome "Mangabeira") , Aldo ("Rabanete") que me prendeu. Que participavam dos interrogatórios: "Dr. Tomé", Oberdan, "Formiga", Ênio, Monteiro, Edvaldo, Faria, Mugnaini ("Dr. José"), Dirceu Gravina "JC", sargento Rima, "Dr. Ney", Albernaz, Carlão, Henning Boilesen, Dulcídio Vanderlei Boschila e outros, que não identifiquei. 
          No arquivo: capitão Maurício, depois capitão André leite Pereira Filho,também fez parte o sargento Rima.
                                
DE CIMA DA ESQUERDA PARA À DIREITA : COMANDANTES E INTEGRANTES DAS EQUIPES DE TORTURADORES DO DOI-CODI EM 1971 
            Os carcereiros: "Risadinha", Pedro,"Marechal", Roberto,"Rosinha" e Casarini. Soldados guardavam o pátio e auxiliavam os carcereiros, o PM, "Walter" -  Gabriel e Diniz outros, que não me lembro o nome. "Gabriel" esteve todo o tempo, que passei lá e era do Batalhão de Campinas. Tinha bom relacionamento com os presos. Os carcereiros, quando se recusavam a auxiliar os torturadores, eram ameaçados pelos mesmos.
           Enfermeiros: eram  sargentos do Exército, "Índio" e "Dr. Martelo",  ás vezes substituídos por "Peter ou Pif" ou por "Rosinha". Os que fizeram curativos em mim foram o "Índio e o Martelo". 
          As equipes eram remanejadas para que os presos não identificassem seus componentes. Trocavam seus homens depois de certo tempo. Chamavam-nas de equipe A-B e C, de captura e de interrogatórios. Quando estive lá o capitão Albernaz e Maurício entraram em atrito com o comando e saíram "presos" para a PE. O mesmo ocorreu com o "Dr." David, que também foi afastado. Disseram, que excedeu-se nas torturas sem ordens do comando. 
           No  31 de Março de 1971, como "comemoração" passaram a norte torturando alguns presos numa festa macabra. No dia seguinte,apresentavam marcas pelo corpo, o que motivou a recusa de algum chefe de equipe em proceder o interrogatório alegando faltas de condições físicas e psicológicas dos presos para serem interrogados. O capitães Albernaz e Maurício também se envolveram em transações ilícitas fora do DOI, de falsificação de dólares e contrabando.
                      OS PATROCINADORES 
ALGUMAS EMPRESAS E AGÊNCIAS DE INFORMAÇÃO QUE TREINARAM E                                           FINANCIARAM A TORTURA NO BRASIL.                                                                                                                                                                             
                           TORTURAS
            Psicológicas e físicas de toda ordem. Ameaças e xingamentos constantes e de todo tipo. Choques elétricos, pau de arara, afogamentos, espancamentos com paus, cassetetes, socos e pontapés. 
            Os choques eram aplicados ora com ligação nos dedos dos pés e da mão, depois nas orelhas, nos lábios, na língua, no ânus,no pênis. O preso ficava amarrado horas na cadeira do dragão. levando choques  constantes. Jogavam água salgada para aumentar os choques. Eram aplicadas no preso só com com os torturadores. Só reuniam dois ou três da mesma organização para pô-los em contradição e torturá-los para que as informações se combinassem.
           As torturas eram comandadas. A equipe de interrogatório é que orientava, quando devia continuar ou suspender. Havia um chefe de equipe e quatro auxiliares.
                      MENTIRAS & VERSÕES 
             Notícias dadas como a de que algum preso "morreu ao ir ao "ponto de rua", onde iria encontrar outro companheiro com quem ele teria contato e lá chegando investira contra um dos homens da equipe, tomou sua arma com a qual se suicidou..." Versões assim aconteceram várias na época. Ou que "tentaram fugir e ficaram entre o fogo cruzado e morreram" ou então, morreu atropelado ao tentar fugir. Nenhuma dessas versões eram verdadeiras. Eram forjadas nos gabinetes e dadas à imprensa para que publicassem. Para cada crime cometido forjavam várias versões, todas mentirosas para ocultar o fato dos assassinatos e torturas.
A SEITA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE, INTEGRANTES DO COMANDO DE CAÇA AOS COMUNISTAS E OUTRAS ORGANIZAÇÕES CONSERVADORAS E RELIGIOSAS DAVAM APOIO E SUSTENTAÇÃO "MORAL" AO DOI CODI
            A ameaça de que eu seria o próximo, sempre me era repetida, quando saía a notícia de morte de alguém que era encontrado ou estivera no DEOPS ou no DOI-CODI. Era comum entre os homens do interrogatório esse procedimento, faziam comentários e ficavam opinando quem seria o próximo. Diziam que "puxavam o gatilho, mas que só Deus é quem mata". Fui interrogado por uns 90 dias, depois permaneci detido e a partir de Março podia receber aos domingos, visitas de familiares. Iam minha irmã Doracy, que era enfermeira, minha companheira Juracy e meus filhos Anya e Thaelman, Minha companheira e filhos foram interrogados e ameaçados também. Passei por dezenas de acareações, achavam que eu devia conhecer toda a esquerda e também ser conhecido de todos. Eram ridículas as encenações que faziam. Outras eram formais e rápidas.
            A outra justificativa para os crimes é que eles representavam a lei , o governo, eram agentes do poder constituído e nós, os subversivos, os fora-da-lei. Agiam sempre em grupo para pessoalmente não serem culpados por nada por que fizessem, embora  aparentemente fosse tudo, planejado, dirigido e programado. 
           Havia certa competição entre o DOI-CODI e o DEOPS comandado por Fleury, tanto nas torturas como nas execuções. Fleury  representava o poder do Estado de SP, de seu governo; o DOI-CODI, o governo federal, o exército e com ligação com o Planalto. 
           Generais do Exército, políticos, os governadores Abreu Sodré e Laudo Natel de São Paulo e os presidentes da república Médici e Geisel, sabiam o que acontecia nos porões da Rua Tutóia com a Tomaz Carvalhal. Tudo isso ocorreu sob o governo deles.
E-mail: clandestinoedgard@gmail.com

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