EU POR MIM MESMO;
MEMÓRIAS DE UM SOBREVIVENTE;
VIDA, PAIXÃO E LUTAS;
ou apenas
SOBREVIVENTE.
Qualquer dessas frases poderia ser o título de uma seqüência de
depoimentos sobre minha vida e meus escritos, que estou gravando para futuras
postagens.
No pacote: textos curtos, frases soltas, lembranças esparsas, palavras
ás vezes deslocadas para serem sentidas e não apenas lidas. Imagens e colagens
ilustram o percurso relatado. Desde minha origem marxista e clandestina, da
minha vivência familiar com meu pai, mãe e irmã, quando nasci na
clandestinidade na democracia, na ditadura e depois com sobrinhos (os sobrinhos
do capitão), camaradas de luta e amigos, que estiveram sob o fogo das
perseguições, prisões e torturas, com quem convivi e sobrevivemos a estupidez
humana manipulada por políticos a serviço do capitalismo dominante.
Com esses camaradas e amigos muito aprendi sobre as perigosas relações
sociais, políticas e humanas.
Os debates sempre quentes com estudantes, artistas e intelectuais com
quem partilhei afetos e discordei idéias sobre arte, poesia (é arte? é literatura?
o que é?) músic, comida, sexo, liberação espiritual etc.
Talvez, nessa mídia não seja possível tratar de tudo o que gostaria, mas
o impossível será buscado, como sempre.
As imagens estão sendo feitas pela minha querida "parça" e
companheira de sempre, Eliana Floriano. Resistente, combativa e paciente. É o
mínimo que posso dizer de sua participação, nesta realização. Minha gratidão e
sentimento profundo sem fim.
Estamos indo a alguns lugares, que é parte dessas memórias: casas onde
morei, "pontos" de meu pai ao ser seqüestrado pela OBAN, pontos de
ônibus que usei quando o reencontramos e pudemos ir visitá-lo na prisão, agora,
aguardamos resposta ao pedido de autorização da SSP para gravar na 36ª DP de
São Paulo onde funcionou o DOI/CODI/SP e outros locais onde estudei, trabalhei
e me diverti, também serão filmados.
É impressionante, como os lugares guardam memórias. Bem se dizia
antigamente, que as paredes têm "ouvidos”... E olhos.
Escolhi trechos de músicas, que eu curtia na época e que me
"fizeram a cabeça". Todas conhecidas e importantes para mim, em cada
situação. Desde as que ouvi minha mãe cantar, as que descobri por mim mesmo e
todas foram bálsamos e armas de defesa das opressões. Instrumentos de
libertação da miséria da realidade à magia da vida.
Da passagem da luta armada às lutas internas, dos conflitos espirituais
às soluções tecnológicas, das harmonias poéticas à violência opressiva, das
dores aos prazeres da vida, os opostos seguem desafiando e propondo sua
superação transcendente.
VIDARTE e entre elas o acaso. Movendo tudo, nos levando sempre ao novo,
a renovação dos desgastes diários. É minha declaração de fé na vida, na
humanidade (apesar de tudo) e na revolução permanente social, política e universal.
Continuo acreditando nos sonhos, nas visões, na arte, nos sons e no silêncio.
Para onde for à arte vai toda a humanidade.
Por isso, escolhi como título desses clipes "das lutas contra a ditadura
UMA MEMÓRIA PÓSTERA". Por postar memórias, que não são apenas um pôster na
parede, mas portas abertas para a posteridade e que seja próspera.
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