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domingo, 17 de agosto de 2014

DAS TREVAS AO COMBATE NAS LUZES.

DAS TREVAS AO COMBATE NAS LUZES.


Neste depoimento - de 08.10.2009 à TV CÂMARA - que relata sua trajetória política desde o início, Jacob Gorender faz um breve recorte da formação histórica da esquerda brasileira, que vivenciou tratando as diferenças entre dirigentes: os conflitos, cisões, fusões, ligações, seus confrontos internos e com o poder da classe dominante. Ao tratar do período dos "anos de chumbo" da ditadura, citando o seu livro Combate nas Trevas, apresenta uma mea-culpa, fazendo uma inibida autocrítica ao registrar a "degradação da luta armada" relevando os exageros das "suspeitas" aos próprios camaradas de armas, acrescentando que "todos disseram alguma alguma coisa sob torturas",  mas que resultaram em pelo menos quatro injustos justiçamentos, da parte dos que se opuseram e combateram o autoritarismo, as torturas e todos outros crimes da ditadura.

Não se trata apenas da defesa dos que por um motivo ou outro não resistiram as barbaridades e suplícios impostos por seus algozes. Nem a exaltação, pura e simples dos mais resistentes. Essa seria uma falsa divisão entre combatentes, que só interessava aos repressores. A resistência estava em manter a lucidez e o que os levava à luta e a sua sobrevivência através das gerações, enfim, a concepção ideológica da luta foi mais importante do que os entreveros militares, afinal ações armadas (assaltos e sequestros) só se justificavam pela necessidades da sobrevivência dos guerrilheiros. As armas na luta revolucionária só devem ser usadas para autodefesa. A repressão, a partir do golpe armado e ideológico de 64, com seu radicalismo opressor impôs que a luta seria de vida e morte. O que legitimou  a resistência armada.

É uma mudança na forma como vinha sendo contada essa história. Nessa sua  fala, de valor histórico, Gorender atenta mais aos fatos e acontecimentos do que ao relato maniqueísta, reduzindo sua versão à um simples combate de heróis e vilões descolado da luta de classes. Método que aplicou nas primeiras edições de seu livro causando danos pessoais a alguns dos citados.

Assumir esses "erros"  seria o começo do acerto, da recusa de se tornar mero reprodutor das contra informações produzidas no próprio DOI/CODI visando a desmoralização de sobreviventes dos métodos fascistas utilizados, naquele que além de ser o maior centro de torturas da ditadura, também foi um irradiador  de mentiras, para sustentar suas farsas.O apuro cuidadoso e no mais das vezes o desmonte dessas desinformações contrarrevolucionárias evitariam erros, que vieram a ser repetidos nessa história e nesse caso, apenas serviram a manutenção dos grupos, que sustentaram a ditadura e seus interesses.

O tempo está desvendando o que nunca deveria estar oculto e nem assim mantido pelos que combateram abertamente a veleidades de criminosos, que se impunham através da violência desmedida do próprio sistema que inventaram: o estado de terror.
Verdades que só o tempo e a vontade dos que não se deixam levar apenas pelas aparências dos fatos, estão revelando à luz da realidade
Jacob Gorender na TV Câmara



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