PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO, SEMPRE PRESENTE!
Dos presos, que dividiram a cela X-4 com meu pai, em 1971 no DOI-CODI/SP esteve o Dr. Décio Noronha Teixeira, genro de Plínio de Arruda Sampaio. Na época, liberaram visitas à alguns presos. Levávamos frutas, chocolates, roupas em sacos plásticos ou sacolas que éramos obrigados a entregar na entrada da 36ª delegacia na rua Tutóia, 921, onde éramos também revistados.
Através de meu pai, que já conhecia Plínio desde a década de 50, aliados que foram nas lutas camponesas pela reforma agrária, soubemos que a familiares dele também enviavam apoio ao Dr. Décio e que Plínio embora também fosse visado pela repressão se mobilizava na luta contra as prisões ilegais e o tratamento e torturas que sofriam os opositores da ditadura, que ali se encontravam. Apesar das diferenças ideológicas partidárias (que sempre houve), aquela condição de luta nos aproximava.
Depois meu pai e Plínio se encontraram em outras situações diversas, mas sempre comprometidas com as lutas dos trabalhadores. Creio que na década de 90, Plínio esteve em uma reunião, em Tupã tratando de questões de direitos humanos. Esse encontro fez parte da retomada da história de ambos, quando paralelo se fazia ainda balanço dos acontecimentos das décadas anteriores e preparavam as organizações para as lutas futuras.
Meu pai faleceu em 2004 e a última vez, que estive com Plínio foi em 2012 na homenagem à Luis Eduardo Rocha Merlino (assassinado sob tortura no DOI-CODI, em 1971), no Memorial da Resistência, em SP. Solicitei-lhe um entrevista relembrando aquele fatídico ano de 1971, auge dos anos de chumbo. Ele disse que falaria, me deixou seu telefone para agendarmos a data. Por outras ocupações rotineiras não deu para agendar essa gravação. Ficou por fazer...Mas, sua coragem, lealdade,cultura, inteligência, solidariedade e disposição de luta sempre ao lado dos trabalhadores nunca serão esquecidas. Estão gravadas para sempre na nossa história.
THAELMAN CARLOS
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